segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Eduardo Paes inaugura ciclovia Tim Maia

17/01/2016 -  O Globo

Leia: Ciclovia 'suspensa' na orla carioca vai ligar Leblon a São Conrado - Folha de SP / O Estado de SP 

Apesar de não ter sido alguém lá muito afeito à prática de esportes, se estivesse vivo, Tim Maia certamente tomaria "um guaraná” para brindar à ciclovia da Avenida Niemeyer, que será inaugurada hoje e leva seu nome. A pista, que liga o Leblon a São Conrado e tem 3,9km, já vinha sendo "testada” por cariocas e turistas nas últimas semanas, mesmo em meio à finalização das obras.

Dentro da paisagem. Um ciclista pedala na pista construída na Niemeyer, tendo o mar e a Pedra da Gávea como cenário: trecho de 3,9 quilômetros ligará a Zona Sul a São Conrado. Com as obras do Joá, conexão chegará à Barra

— A ansiedade do público é um sinal de que a ciclovia vai dar certo. Era uma demanda reprimida — observou o ciclista Ricardo Martins, que já rodou seis países da América do Sul de bicicleta e se prepara para dar a volta ao mundo pedalando.

SINALIZAÇÃO E SEGURANÇA

Na última quarta-feira, Ricardo acompanhou O GLOBO num passeio pela nova ciclovia, que tem largura média de 2,5 metros e foi construída sobre o costão de pedra, com vista privilegiada para o mar, o que a torna ainda mais especial. Apesar dos elogios, quem costuma circular pela cidade sobre duas rodas faz algumas ressalvas.

— Sinto falta de uma sinalização vertical indicando a velocidade máxima permitida e que a prioridade é do pedestre — diz ele, que se deparou, num ponto diante da subida do Morro do Vidigal, com um poste mais largo do que os demais no meio do caminho, reduzindo a pista para 1,62 metro. — Este poste está fora do padrão. A redução do espaço exige que os ciclistas passem por aqui com mais atenção e em velocidade reduzida.

A Secretaria municipal de Obras, responsável pela construção da ciclovia, informou que a sinalização estava em vias de implantação e que solicitou à Light a retirada do poste, serviço que na sexta-feira já havia sido concluído.

Outra questão, esta levantada pelo presidente da Comissão de Segurança no Ciclismo na Cidade do Rio, Raphael Pazos, é o uso da pista por jovens empinando pipas:

— Pipa e bicicleta não combinam. Uma linha com cerol pode decepar a cabeça de um ciclista. É importante que seja feito um trabalho de conscientização.

Mesmo com alguns reveses, o clima entre os ciclistas era de contentamento. Um dos que coConrado memoravam era o designer Júlio Cavalleiro, que mora em São Conrado e trabalha no Leblon:

— Geralmente, eu gastava meia hora no trânsito para chegar ao trabalho e mais 20 minutos procurando vaga. Agora que eu posso ir pedalando, em 15 minutos estou no escritório.

Além da praticidade, a vista para o mar também motivava elogios.

— A ciclovia está maravilhosa, impressionante — destacou o desembargador Marcos Cavalcante.

O que agradou aos ciclistas chegou a ser motivo de queixa entre motoristas, que, com a construção da pista paralela à Niemeyer, foram privados da visão do mar.

— Mas o motorista tem que olhar para frente e não para o lado — destacou Ricardo.

DO CENTRO AO RECREIO

A ciclovia se liga à pista que vai do Leme ao Leblon, com 8km, e futuramente se conectará com a do Elevado do Joá, com 3,1km. Esta, que ligará São Conrado à Barra, se juntará aos 24,8km já existentes entre Barrinha e Grumari. No total, os ciclistas terão à sua disposição, entre as zonas Sul e Oeste, 39,8km de pistas exclusivas beirando a orla. Quando toda a extensão estiver pronta, será possível pedalar do Aeroporto Santos Dumont até o Recreio do Bandeirantes.

Mesmo com o Joá ainda em obras, o Rio é a cidade com maior malha cicloviária da América Latina, afirma a Secretaria municipal de Meio Ambiente: somando o trecho da Niemeyer, são 438,9km. O plano da prefeitura é alcançar 450km este ano.

A pista da Niemeyer é bem-vinda não só para os ciclistas como também para os praticantes de corrida. É o caso da apresentadora de TV e nutricionista Cynthia Howlett, que mora em São e costuma correr até o Arpoador e voltar. Ela diz que a obra vai mudar a vida de muitos como ela:

— Corro pela Niemeyer há muitos anos, pelo cantinho, com os carros ao lado. Para evitar acidentes, acabei criando algumas técnicas. Quando dá 10h15m, mudam a mão da avenida. Aproveitava os dez minutos em que ela fica fechada para chegar ao Vidigal e pegar a ciclovia. Também costumava correr nas horários de rush, quando o trânsito fica parado — conta.

Nos últimos dias, Cynthia não resistiu e checou a nova pista:

— Está linda e tem um visual absurdo. Você corre ou pedala por cima do mar. Não tem igual no Brasil. A ciclovia também vai aliviar o trânsito. Mas a minha preocupação é sempre com a segurança. Ela é toda cercada de grades e tem poucas saídas. Há trechos longos onde você fica encurralada.

O ator Eduardo Moscovis, marido de Cynthia e que já testou a ciclovia, também se preocupa:

— Há partes muito grandes sem saída. Além da questão da segurança, há o risco de alguém furar o pneu ou passar mal ali e não ter como sair — diz ele, que sugere a instalação de banheiro químico e de um ponto de apoio para os ciclistas em caso de imprevistos, como uma bicicleta com pneu furado.

A ciclovia da Niemeyer levou um ano e meio para ficar pronta e demandou um investimento de R$ 44,7 milhões.

EDUARDO PAES INAUGURA CICLOVIA TIM MAIA

RIO - O prefeito Eduardo Paes inaugurou oficialmente a ciclovia Tim Maia, que liga o Leblon a São Conrado pela Avenida Niemeyer, na manhã deste domingo. A abertura foi acompanhada por ciclistas.

Paes deixou o Mirante do Leblon pouco depois das dez da manhã na carona de um triciclo elétrico e percorreu os 3,9 quilômetros do percurso, seguido por um grupo de mais de 100 ciclistas.

- A ciclovia tem um efeito de integração incrível, já que juntou o bairro do Leblon e São Conrado. Lá para março e abril vamos unir com a Barra da Tijuca. Sob o ponto de vista da mobilidade, muita gente vai preferir sair para o trabalho de bicicleta e deixar o carro em casa. Além da paisagem incomparável. É certamente a ciclovia mais bonita do mundo - valoriza Paes.

http://www.antp.org.br/website/noticias/clipping/show.asp?npgCode=2DDE2E16-764D-4E34-870D-B056BAE2B28F

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Alemanha abre a sua primeira ‘autoestrada para bicicletas’

15/01/2016 -  Diário de Notícias - Portugal

A Alemanha acaba de abrir o primeiro troço da sua "autoestrada para ciclistas". Esta ideia, que nasceu na Holanda e na Dinamarca, significa que se pode viajar de bicicleta sem partilhar a estrada com carros ou peões durante vários quilómetros - neste caso, a ciclovia vai ter mais de 100 quilómetros, juntando dez cidades e quatro universidades.

A Agence France Presse noticia que acaba de abrir o primeiro troço desta "Autobahn": tem apenas cinco quilómetros, mas já permite aos ciclistas experimentar a ciclovia, que tem sido louvada como uma alternativa à deslocação por automóvel e uma boa forma de aumentar a atividade física nas pessoas que trabalham em escritórios.

O porta-voz do grupo de desenvolvimento regional RVR, Martin Toennes, disse à Agence France Presse que mais de dois milhões de pessoas vivem a menos de dois quilómetros de distância desta autoestrada para bicicletas, e poderão usar parte dela nas suas deslocações diárias. Um estudo do RVR indica que, quando a estrada estiver concluída, poderá tirar das estradas até 50 mil carros todos os dias.

A estrada liga as cidades de Duisburg, Bochum e Hamm, e grande parte dela foi construída no trajeto dos carris de uma linha de comboio que foi desativada, na região industrial de Ruhr.

Quem for de bicicleta para o trabalho irá receber dinheiro por cada quilómetro que pedalar

Disputas sobre financiamento

Os 100 quilómetros de ciclovia vão custar cerca de 180 milhões de euros, financiados em parte pela União Europeia, em parte pelo grupo RVR, e também pelo governo local. O governo federal alemão não disponibiliza fundos para a construção de ciclovias.

"Sem apoio estatal, o projeto não teria hipótese de ser desenvolvido", disse Toennes à Agence France Presse. Habitualmente, as ciclovias alemãs são financiadas ao nível municipal, o que cria um entrave a grandes projetos como este.

O governo federal alemão costuma financiar a construção da infraestrutura para automóveis e transportes públicos, mas não disponibiliza fundos para as ciclovias, algo que a responsável de um projeto para construir uma "autoestrada de bicicletas" em Munique, Birgit Kastrup, considera injusto. "É preciso encontrar um novo conceito para poder financiar" projetos como estes, disse Kastrup.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Cidade vai ganhar parque linear com 18 km de ciclovia

14/01/2015 – Folha de S.Paulo

A realização do projeto do Metrô de Salvador trará benefício não apenas para as pessoas que vão utilizar o transporte coletivo, mas para toda a cidade e seus cerca de 3 milhões de habitantes.

Para os usuários do metrô, a melhoria é óbvia: um transporte mais confortável (com trens modernos e ar-condicionado) e mais rápido. O trajeto entre as estações Lapa e Pirajá (12 km) é feito em 18 minutos. De carro ou ônibus é imprevisível, diante do tráfego e da possibilidade de acidentes.

“Em metrópoles adensadas como Salvador, o transporte sobre trilhos é a melhor solução. Transporta mais pessoas por viagem e, por ser segregado, não sofre os efeitos de acidentes e do excesso de veículos”, afirma Roberta Marchesi, superintendente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos).

Segundo ela, uma única linha de metrô tem capacidade de transportar 60 mil passageiros por sentido por hora, enquanto numa linha de ônibus são 6.000.

Para os não usuários, há os benefícios indiretos. O número decarros e ônibus nas ruas diminui, o que alivia o trânsito, e, ao memso tempo, reduz a emissão de poluentes. O metrô, por ser movido a eletricidade, não polui. Além disso, menos carros nas ruas significam menos acidentes. A maioria das estações contará com bicicletários, uma forma de incentivar esse outro meio de transporte mais saudável e menos poluente.

Há outros efeitos na qualidade de vida das pessoas. Com a construção do metrõ na Avenida Paralela (linha 2), uma das mais movimentadas de Salvador, acidade ganhará um parque linear de 18 km de canteiro central.

Parte do canteirop será usada para a linha do metrô. No restante, háverá ciclovia e pista de corrida. “O canteiro da Avenida Paralela tem, em média, 60 metros de largura. As linhas do metrô ocuparão 17 metros. Onde houver estação, a faixa ocupada será de 30 metros. Memso assim, sobra bastante espaço para a instalação desse parque linear”, afirma Eduardo Copello, presidente da CTB (Companhia de Transportes do Estado da Bahia).

O trânsito na avenida também muda com a construção de mais três viadutos onde existiam retornos e eliminação dos semáforos. “A Paralela será de fato uma via expressa”, afirma Copello.
Serão construídas ainda mais oito passarelas para pedestres, junto às estações do metrô.

A Paralela será toda reurbanizada e ganhará mais verde. Para cada árvore cortada para a execução das obras, serão plantadas outras cinco. Algumas espécies originais serão transplantadas e a avenida ficará com 6.700 árvores, três vezes mais do que o existente anteriormente às obras.

Ainda na questão ambiental, a CCR Metrô Bahia plantoucerca de 500 coqueiros nas praias de Piatã, Pituba, Barra, Jardim de Alah e Itapuã dentro o projeto municipal da nova orla da cidade. A empresa também doou 890 mudas de espécies nativas para o Horto Municipal de Salvador.


Com 3 km, ciclofaixas 'fantasmas' do centro do Rio não atendem ciclistas

14/01/2016 - UOL



Paula Bianchi / UOL

Em fevereiro de 2014 o prefeito Eduardo Paes (PMDB) inaugurou três ciclofaixas de cerca de três quilômetros no centro do Rio de Janeiro, parte de um projeto maior, de 33 quilômetros, que daria conta de toda a região fazendo também as ligações com as zonas norte e sul da cidade. Dois anos depois, ao invés de crescer, as ciclovias, cortadas por obras e com trechos sem preservação, encolheram.

Na sexta-feira (8), o UOL percorreu as ciclofaixas da região por volta das 9h, horário de pico da chegada de trabalhadores. São poucos os ciclistas que se aventuram pelas faixas que, perdidas pelo meio da região, ganham ares de "ciclovias fantasmas" -- durante as três horas em que permaneceu nas ciclovias, a reportagem contabilizou menos de dez bicicletas usando as rotas.

Em muitos momentos, as ciclovias do centro perdem a sua função, sendo tomadas por pistas ou prolongamentos da calçada por motoqueiros e pedestres. As rotas também terminam de forma abrupta e, com frequência, são interrompidas por obras.

Morador de Bangu, na zona oeste da cidade, o auxiliar de almoxarifado Anderson Nascimento combina diariamente trem e bicicleta para chegar até o trabalho. Nos cerca de seis quilômetros que percorre sobre duas rodas entre a Estação Leopoldina, no início da avenida Presidente Vargas, e a região do Castelo, no começo do centro, ele reclama que quase não existem ciclovias. "As poucas que tem, eu uso", diz ele, que fazia o trajeto pela rua, já que parte do trecho que costumava utilizar foi apagado com a colocada de um novo calçamento em frente ao Museu Histórico Nacional.

No Mapa Colaborativo da CPI das Bikes, projeto interativo criado pela Câmara de Vereadores com a ONG Meu Rio para mapear os problemas enfrentados por quem usa a bicicleta como meio de transporte na cidade, a principal reclamação dos internautas sobre a região é justamente a ausência de ciclovias. "Eu gostaria muito que tivessem ciclovias que levassem aos lugares principais do centro – à Lapa, à rodoviária, ao aeroporto", diz Nascimento. "Essas ciclovias não são interligadas. Elas começam em um ponto e não têm um lugar certo para acabar."

Moradora do centro, a restauradora e cicloativista Darlin Carvalho considera as estruturas que existem um ganho, mas "limitadas". "Se houvesse uma ligação mais confortável para os trabalhadores que pensam em um trajeto pequeno [de bicicleta], isso desafogaria o trânsito de uma forma descomunal", diz.

Darlin lembra ainda a falta de atenção à ligação com a zona norte – os poucos trechos de ciclofaixas existentes partem todos do sentido zona sul-centro. "Se a gente consegue demolir uma perimetral, como é que a gente não consegue abrir uma passagem mais confortável para o ciclista que vem da zona norte para o centro?", questiona.

No site da prefeitura, um documento batizado de "Ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas: obras e projetos 2015/16" cita 29,8 quilômetros de ciclofaixas e faixas compartilhadas a serem construídas na região central. Orçada em R$ 13,4 milhões, cerca R$ 450 mil por quilômetro, a obra, prevista para ficar pronta em 2016, está marcada com o status de ante-projeto e parece longe de sair do papel.

Ao contrário do que disse Paes à época da inauguração, quando definiu as ciclovias da região e a bicicleta como uma "medida importante para amenizar o impacto que vamos viver nesses dias" frente ao "caos" causado pela revitalização do centro e da região portuária, a Secretaria de Meio Ambiente informou que as faixas para bicicletas só serão construídas após a conclusão das obras no bairro a fim de "minimizar o transtorno com mais interdições das vias e o impacto no trânsito", mas não soube precisar um prazo para que isso aconteça.

Desde 2013, os acessos ao centro do Rio vêm sofrendo alterações. A primeira foi a derrubada do elevado da Perimetral, até então um dos principais acessos ao centro –os túneis que a substituirão ainda não foram concluídos. Em 2014, a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), de 28 quilômetros de extensão, interditou outras vias importantes do bairro.

As obras do BRT Transbrasil também aumentaram o trânsito na avenida Brasil, um dos principais acessos ao centro. A revitalização da região estava prevista para ficar pronta antes das Olimpíadas, mas a prefeitura já informou que não será capaz de concluir o cronograma integralmente.

Parte de um serviço de entregas de bicicleta, Martin Ditsios lamenta a demora. "O tempo inteiro a gente fica disputando com carro, ônibus, até pedestres. Não é uma disputa equiparável. Não temos um exoesqueleto", diz.